Recidivas das alterações peri-implantares

recidivas peri-implantares
Marco Bianchini apresenta caso clínico que ensina sobre mucosite, peri-implantite, perdas ósseas e recidivas de lesões peri-implantares.
Data de publicação: 19/02/2021

Assim como nas doenças periodontais, os tratamentos das alterações peri-implantares (mucosite e peri-implantite) podem estabilizar a doença ou recidivar. Uma vez que temos o biofilme como um dos principais agentes da mucosite e da peri-implantite, a simples recorrência do acúmulo deste agente pode desencadear o reaparecimento das alterações e manifestações peri-implantares.

Além disso, sabemos que a saúde peri-implantar pode existir, tanto em torno de implantes com suporte ósseo normal quanto em implantes com suporte ósseo reduzido, ou seja, implantes que já sofreram algum tipo de perda óssea. Nesses casos, essa perda óssea teria ocorrido durante um período de tempo e, depois, foi paralisada por algum tratamento ou cessou espontaneamente pela própria reação das defesas do hospedeiro.

Nesta semana, eu tive o privilégio de fazer um acompanhamento clínico e radiográfico de um paciente que está comigo há quase 30 anos. Ele foi um dos meus primeiros casos de Implantodontia, e o controle semestral que faço deste cliente vem me ensinando muita coisa sobre mucosite, peri-implantite, perdas ósseas progressivas e recidivas de lesões peri-implantares (Figuras 1 a 6).

Este caso torna-se bastante interessante pelo tempo de acompanhamento e pela perda óssea assintomática que ocorreu após 20 anos em função. Pode-se tergiversar sobre o que teria levado a esta perda óssea (trauma oclusal, biofilme, diminuição das resistência do hospederio etc.), porém o mais importante é que o implante se mantém em boas condições após 27 anos de função.

No que diz respeito à peri-implantite, a maioria dos estudos indica que a progressão da doença pode ser suprimida no longo prazo, após a realização de um tratamento. Entretanto, parece haver um subgrupo que apresenta recidivas na progressão da peri-implantite mesmo após o tratamento. Estas recidivas podem ser suprimidas ou reaparecerem ao longo do tempo, na medida em que tanto os pacientes quanto os implantes vão envelhecendo e sofrendo a ação do tempo, como o enfraquecimento da defesa do organismo.

Os relatos na literatura sobre a recidiva de perdas ósseas peri-implantares variam de 13% a 50% dos casos. Estes achados nos levam a entender que a recidiva do tratamento da peri-implantite ou as perdas ósseas progressivas podem variar muito e são influenciadas por uma série de fatores. Entretanto, com o devido acompanhamento clínico e radiográfico, estes implantes “doentes”, assim como ocorre nos dentes naturais, podem se manter saudáveis por um longo tempo, mesmo que tenham o seu suporte ósseo reduzido.

Referências

  1. Heitz-Mayfield L, Salvi GE, Mombelli A, Loup PJ, Heitz F, Kruger E et al. Supportive peri-implant therapy following anti-infective surgical peri-implantitis treatment: 5-year survival and success. Clin Oral Implants Res 2018;29(1):1-6.
  2. Schwarz F, John G, Schmucker A, Sahm N, Becker J. Combined surgical therapy of advanced peri-implantitis evaluating two methods of surface decontamination: a 7-year follow-up observation. J Clin Periodontol 2017;44(3):337-42.

“E disse-lhes Jesus: haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lucas 15:7)

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